Grácio Editor

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Dacoli e dacolá

978-989-8377-55-5Mig
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Este livro apresenta aos leitores um conjunto de sete histórias, todas elas passadas em Portugal, versando sobre temas muito diversos.  As suas problemáticas de fundo e as suas mensagens são claras, revelando-se simultaneamente como fonte de conhecimento e de fruição, estímulo à imaginação e motivo de reflexão sobre o humano a partir das suas vivências quotidianas.

Apresentação por Rui Grácio
«Dacoli e dacolá» de Miguel Horta
Fórum Romeu Correia, dia 24/1/2009

Muito Boa Tarde

O meu nome é Rui Grácio e, queria começar por agradecer à Câmara Municipal de Almada o acolhimento que deu para que aqui realizássemos o lançamento do novo livro de Miguel Horta, «Dacoli e dacolá».
Queria também agradecer a colaboração da Dr.ª Maria Cabral, do Dr. Armando Correia e das restantes pessoas que hoje participarão nesta sessão.
Cumpre-me, finalmente, agradecer a todos os presentes a vossa comparência e fazer votos para que esta sessão seja do vosso agrado.
É com imenso gosto que editamos o presente livro de Miguel Horta, «Dacoli e dacolá».
Em 2006 tínhamos já publicado «Pinok e Baleote», um livro que tem tido um interessante percurso no que diz respeito à sua recepção na comunidade dos leitores mais pequenos e que foi incluído na lista dos livros aconselhados pelo Plano Nacional de Leitura, indicado como livro recomendado para 4º ano de escolaridade destinado a leitura autónoma e/ou com apoio dos professores ou dos pais. Vai, actualmente, na sua segunda edição.
À semelhança do que aconteceu com Pinok e Baleote, Miguel Horta assume em «Dacoli e dacolá» a autoria dos textos e das ilustrações.
Mas, diferentemente do livro anterior, que é composto por uma única história, o presente livro brinda-nos com sete pequenas histórias, numa diversidade que reflecte o espírito de «andarilho» contador de histórias e mediador do livro e da leitura que este escritor e ilustrador desenvolve há mais de dez anos.
Talvez por Miguel Horta ser um homem do terreno e que dedica o seu tempo profissional ao fomento das competências de leitura, de escrita e de criatividade, numa actividade de semeadura cultural que é importante registar e valorizar, as histórias que apresenta neste livro combinam a contingência dos locais em que se desenvolvem com questões transversais à dimensão vivencial do humano nas suas experiências correntes.
Temos assim um conto intitulado «Eu quero é ir para a terra!» que, tendo como referência a vida citadina de Lisboa, convoca o tema da nostalgia, das raízes, da pertença, dos afectos e da casa como lugar onde o coração vive.
Devo aliás notar que inúmeras pessoas que leram este conto e que estudaram em Lisboa vêem nele um retrato exacto do que realmente presenciaram.
Mas, mais do que retratar, Miguel Horta evoca na brevidade do conto o velho contraste da cidade e das serras, do cosmopolitismo e do tradicional, ligando o sentido da terra à escolha dos afectos.
Numa ousadia que persiste em valorizar o mistério e a memória, a segunda história deste livro fala-nos de uma menina que gostava de escutar as pedras.
Fiais da Telha é o local da acção e a dimensão mundana é dada pela figura do pai que, contrariado por perder um jogo de futebol na televisão não resiste, no final da história e certificando-se de que ninguém o está a ver, a encostar a cabeça na enormes orcas e a escutar a sua voz.
Note-se, nesta história, a subtileza com que se mostra a facilidade com que as crianças aderem ao misterioso e ao maravilhoso e como o crescimento leva a olhar o mundo de uma forma dessacralizada, ainda que a semente de um necessário enigma lateje ainda nos adultos.
Em «Não há fumo sem fogo» a velha camoniana do fogo que arde sem se ver serve de mote para uma divertida história em que é abordado o tema do enamoramento.
Miguel Horta brinca, neste conto, com os sintomas dos estados de paixão, fazendo intervir uma cumplicidade entre mãe e filha na forma de lidar com as estranhas sensações que assaltam Lídia ou, como escreve o autor, no modo de «fazer o rescaldo dos incêndios do coração».
«Os Dragões das furnas» transportam-nos para tempos ancestrais do Açores, um tempo onde existiam dragões. Trata-se de uma história cheia de ensinamentos, com muita dinâmica e muito divertida, com bruxas e tudo. Tem também a minha ilustração favorita.
Na história seguinte, «Os dois fantasmas», Miguel Horta mergulha num tema que lhe é particularmente grato — o dos livros e da leitura — e, aproveitando a figura de dois fantasmas ávidos de leituras de livros de uma biblioteca que não tinham acabado de ler, homenageia alguns dos grandes clássicos da literatura infanto-juvenil, não se esquecendo de Matilde Rosa Araújo.
O conto, que envolve um menino que entretanto se torna amigo dos fantasmas, é cheio de peripécias e aconselha subtilmente a ler na infância para que em nós não se gerem fantasmas por causa daquilo que nos esquecemos de ler.
«Carminho» é uma das histórias da minha preferência, na medida em que a reconheço como tematicamente importante.
Em vez de estereótipos e de clichés — a que Miguel Horta me parece profundamente avesso — o autor escolhe uma situação de vida que hoje é muito comum mas que não é fácil de abordar em termos infanto-juvenis.
Trata-se das relações que se estabelecem quando as pessoas divorciadas e com filhos procuram refazer a sua vida, originando situações em que é preciso reorganizar os afectos. Penso que é um dos contos em que a sensibilidade do autor melhor se demonstra.
Finaliza o livro a uma história intitulada «João sem memória». Mais uma vez o tema é mundano e tem a ver com as dificuldades e com as vergonhas que as crianças podem ter na escola e com a reconstrução do imaginário.
Feita esta breve passagem pelas sete histórias que compõem este livro, e que assim referi como forma de vos tentar abrir o apetite para a sua leitura, quero finalmente referir que estamos perante uma linha de escrita literária original, que se pauta pela capacidade de ir ao encontro da vida real e de a encarar sem o recurso a fabulações gastas que acabam por dissociar o ideal do real.
Numa escrita que se mantém na proximidade do humano e das suas vivências reais, Miguel Horta capta com incisividade, mas também com humor e sensibilidade, a fala e as vivências das vidas comuns, criando um espaço reflexivo em que a diversão e o prazer da leitura rima com crescimento. Parabéns e obrigado por mais esta partilha, Miguel.

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