Portugal e as suas amizades portuguesas abriram ao filósofo [José Ortega y Gasset] um espaço de paz, de tranquilidade, de repouso, que lhe permitiu concentrar-se na sua obra intelectual quando no seu país não podia viver com a calma e a habitualidade de outros tempos. Afastado da política interna de Portugal, que vivia sob a ditadura de Salazar, Ortega pôde, apesar de não lhe terem faltado dificuldades, continuar a desenvolver em Lisboa a sua filosofia da razão vital e histórica, uma filosofia que, portanto, se tornou também portuguesa, uma filosofia ibérica e ibero-americana e europeia que pode continuar a iluminar o nosso presente não isento igualmente de dificuldades e problemas. Há que voltar a agradecer à professora Almeida Amoedo que com este epistolário, tão magnificamente investigado e editado, nos permita ver Ortega e aquele tempo de uma nova perspectiva.
Excerto do prefácio da obra por Javier Zamora Bonilla