A pedra de toque desta obra de Albertino Gonçalves é a vertigem, uma repentina névoa do olhar que o leva a perder nitidez, associada a um ligeiro desequilíbrio que complica os movimentos, baralhando os gestos e as acções humanas. O sociólogo cujo olhar, por natureza epistemologicamente calculado e vigiado, se deixe tentar pela vertigem deste desequilíbrio humaniza todavia o conhecimento, aproxi- mando-o da condição humana e das figuras que a exprimem, não apenas a ambivalência e o desassossego, mas também o enigma e o labi- rinto. (…) A indagação sobre a natureza das práticas e das classificações sociais coloca-nos na senda da sua irremível vertigem e viscosa ambivalência, reconduzindo-nos ao quotidiano, prosaico umas vezes, exaltante, outras, em que a existência humana se decide.
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